por onde andará meu pensamento...
Me espanto, me assusto e me alegro com os caminhos que de vez em quando encontro nos meus pensamentos...



terça-feira, 23 de março de 2010

A-caso

"Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos chegar a tal ponto sem a menor tentativa de resistência" (C.F.A.)

"Eu. Às vezes eu me encontrava perdido, às vezes me encontrava tranquilo e às vezes eu nem sequer me encontrava." (D.H.M.)

Uma dia aproximando de um lugar calmo e tranquilo, ele pensava até que ponto poderia suportar essa situação. Não que estivesse insuportável, mas alguma coisa dizia que em algum momento ficaria insuportável. Se tivesse força para afastar no momento oportuno talvez tivesse feito, por achar que era o mais sensato. E ele sempre queria ser sensato. Mas não teve forças.
Afinal, se é verdade que devemos valorizar o momento presente, porque motivo abandonar o barco por motivos futuros? De fato, uma lógica mais ou menos interessante mantinha aquilo que se poderia chamar de amor.
Eles se encontravam mais ou menos nos mesmos dias e horários, não porque quisessem, mas porque a rotina de um esbarrava na rotina do outro. Ela sempre sorrindo, ele sempre cantando. Aparentemente uma harmonia, aparentemente vidas conjuntas, aparentemente o amor.
E eles dizem que de certa forma foi amor durante um tempo. Não sei dizer se o período de amor dele coincidiu com o período de amor dela: porque essas des-coincidências acontecem... Mas o fato, é que por alguma momento o que se sentiu um pelo outro era real e sincero, e porque não dizer: sensato (como ele gostava).
Mas os dias passam. O sorriso não é o mesmo, a música é sempre outra mais melancólica e assim, um turbilhão de vida passando e eles levando como se estivesse tudo bem... Sem resistir aos sufocamentos e as dores presentes. Não sei até que ponto eles tinham consciência disso também... E se tinham, fazer o que?
O tempo ia passando... A situação era aparente. Já tinha até deixado de ser situação, quando um decidiu fingir e manter a situação ainda mais e disse: _Eu te amo!.
Não, ela mesma disse que não o amava e não sabe porque disse isso naquele dia chuvoso, enquanto assistiam um filme de terror e comiam pipoca. Mas é fato: ela disse!!!
E apesar de todas as coisas, um dia, um momento, uma fala, um olhar, alguma coisa, mesmo que falsa, se parece verdadeira, muda tudo. E foi o que aconteceu... Ele acreditou. Depois ele falou alguma coisa, aí ela acreditou também. E começaram a falar e acreditar um no outro. Eles disseram depois, os dois, um sem saber a resposta do outro, que o amor deles nasceu de uma mentira. Uma mentira daquelas...

Um comentário:

  1. Que coisa... esse amor, esse acaso... essa mentira.

    Bonito? Sim.

    Porque? Me toca.

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