por onde andará meu pensamento...
Me espanto, me assusto e me alegro com os caminhos que de vez em quando encontro nos meus pensamentos...



quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Não é o amor, mas os arredores é que vale a pena."

Escrito a mais de um mês... não sei porque, nem onde...:

Ah... Dói? Se doí. Ele quer saber se dói.
Na verdade o que eu queria te dizer é que a vida da gente é uma coisa das mais absurdas.
De repente cada coisa se desajeita e você fica perdido. Colocando ponto final ou vírgula onde não tem.
Costumo dizer que eu estou confuso. O que é isso mesmo? Bem, é sem saber nada. Ao mesmo tempo que acha uma coisa, acha outra e assim por diante. Acontece? Sim. Acontece. E aí? e aí que eu não sei.

Mas eu sei de uma coisa: que eu não quero continuar como está. E então disparo para a mudança em coisas passíveis de mudança. Como sempre eu busco vigor. Energia. Impulso vital. Do qual tanto já falamos em nossas conversas particulares. Quero risco. Quero impulso. Quero o novo. Quero tudo. Quero nada. Quero querer. Quero desejar. E lutar com força pelo meu desejo. A conquista. Em qualquer âmbito. Não sei. Quero que seja forte. Quero que me dilacere. Que me provoque. Que me leve por caminhos desconhecidos por que isso aqui eu já conheço. Af. Eu me canso fácil. E não é a primeira vez que constato tal fato. E é..., a monotonia pode aparecer a qualquer momento.

domingo, 18 de julho de 2010

meio assim, assim...

Desorganizado.
É impressionante como a gente se desorganiza. Ou como eu me desorganizo.
Bom saber, é claro, que eu estava organizado, mas me sustentar assim sem centro, sem nexo, sem norte, sem sul, solto, é difícil...
de repente comecei a me desencontrar...
Como é que é isso de encontro mesmo?
De tanta coisa que se figura na nossa frente, de repente as coisas vão te penetrando e não mais harmoniosamente. Você perde o controle total. Invasão. Guerra. Interna, é claro.
Meu pescoço está lá, minha cabeça aqui, meu pé direito lá na esquerda e vice-versa. Meus ombros sumira. Meus dedos não se articulam. Meus olhos sambam como crioulo doido na cavidade. Meu coração sem ritmo. Meu ser *$&#*$*@&#*#$&@!...
Puxa...
Nem dá pra escrever... tenho uma testa franzida que olham para o computador com desagrado... preciso sair de casa... vou viajar... comprar uma Nutella... comer comida japonesa... brindar com suco... e dormir... e dormir... hoje dormi bastante... não sei se eu mesmo ou meu eu lírico...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Essa é a questão.

um. dois. três.
um dois três
um. dois. três.

"O ciclo anda em espiral. A terra roda." Eu rodo.
Como uma formiga que não consegue sair do círculo.
Repito. Me repito.
Rodo em direção ao mundo. Por lugares que não conheço.
Mas eu mesmo não me adapto e aprendo muito.
Me repito a mim mesmo. Como um clone de uma mesma vida. De um ano antes. De um mês antes. De um dia antes.
Me clono e não aprendo direito.

Num ciclo. Rodo. Piro. Alguém me tira.
Giro. Giro. Giro.
"O planeta azul tomba mas não derrama."

Caminho. Já sei de caminhos que percorrerei.
Outros mundos. Novas línguas. Experiências. Descobertas.
Vida. Medo.
Repetirei os mesmos erros?
Por quanto tempo?
O que de mim se avista lá na frente é o mesmo de hoje ou é mudado?

Na imensidão desse lugar vazio do meu quarto, driblo meus pensamento com palavras e metáforas. Jogos. Me engano. Me distraio. Pra não sofrer com a responsabilidade da ação. Pra não brigar com meus atos impensados e minhas ações super-analisadas. Racional. Sempre. Sem impulso. Ou com um superego grande demais.
Não entendo disso de ego, idi e etc.
Mas vale um pássaro na mão do que dois voando.
Vomito palavras. Não me importo se sujo.
Je ne sais pas. Pas. Pas. Pas. Il faut changer!
Rien. Rien. Rien.
Merde.
"Pour que l'amour me quitte"...

Não quero escrever em francês.
Tenho um futuro grande pela frente.

Vale a pena sofrer pelo hoje?
Essa é a questão.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Até que...

Até que o silêncio se cale.
Até que água escorra.
Até que o grito ressoe.
Até que o passo ande.
Até que a mão escreva.
Até que o chão sustente.
Até que o beijo se molhe.
Até que...
Eu vou até que alguma coisa aconteça.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Escrevo...

"14.
Saber que será má a obra que se não fará nunca. Pior, porém. será a que nunca se fizer. Aquela que se faz, ao menos, fica feita. Será pobre mas existe, como a planta mesquinha no vaso único da minha vizinha aleijada. Essa planta é a alegria dela, e também por vezes a minha. O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste. Tanto me basta, ou me não basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda vida." (PESSOA, Fernando. Livro do Desassossego.)

sábado, 3 de julho de 2010

Uma pequena história de mofo.

"Sim, deve ter havido uma primeira vez." (C.F.A)

E ele como bom funcionário que era não permitia que nada desviasse sua atenção ou te tirasse do foco. O trabalho não era lá dos mais difíceis, mas exigia um pouco de concentração, afinal... se você erra um cálculo tudo se perde a partir daí...
E era sempre tranquilo, apesar da confusão no intervalo, da hora do rush do banheiro da sala, da impressora com defeito, do técnico engraçado, da troca da lâmpada, da faxina e etc.
Sim... era tranquilo, pelo menos pra ele.
Ele era sozinho, não muito amante de bares, boates e coisas do tipo. Péssimo paquerador, com pouquíssimo jeito para conquistas arrebatadoras e com uma espécie de medo dessas conquista até.
A primeira vez que nos vimos, ele cruzou o espaço da sala e me olhou meio assustado, com um olhar de estranhamento com que frequentemente se dá quando alguém não deve estar naquele lugar, naquela hora.
Eu pensei que de fato aquele não seria o melhor lugar para se trabalhar a vida inteira, mas que talvez pudesse conhecer pessoas novas, ter alguma experiência no "mercado de trabalho" e que enfim pudesse tirar algum proveito daquele lugar.
O lugar. Cadeiras sujas, duras e velhas. Mesas um tanto desgastadas, algumas com porta-retratos, outras com muitos papéis... alguns computadores velhos, outros mais novos e as impressoras - trilha sonora daquela sala - aquelas impressoras que demoram horas para imprimir e fazem um barulho infernal. A Matilde acreditava realmente que eram muito mais econômicas e que de forma alguma prejudicariam o andamente (lento) dos trabalhos.
Matilde foi a primeira que eu conheci. Pequena, gorduchinha, com cabelos tingidos de ruivo e que não combinavam com o seu rosto, uma pinta que seria sexy em outro rosto, um sapato de salto que fazia muito barulho no chão da sala quando caminhava e as roupas de quem quer ser bonita mas não consegue. Simpática, no entanto. Em alguns momentos, é claro, mas sobretudo no início e naquele primeiro dia depois da entrevista...
_ Bom dia!
_ Bom dia Everaldo, a sua mesa é aquela ali.
E foi só. Que simpatia. Nada de apresentações, nada de nada. Seguiu seu caminho.
Segui, então, em direção a minha mesa e sentei. Só. Foi nessa hora que um olhar de estranhamento bateu sobre mim. Eu pensei que aquele lugar não fosse para se trabalhar... E ele veio até a mim. Meio desconcertado, sem jeito.
_ Bom dia.
_ Bom dia.
_ Augusto.
_ Everaldo.
_ Essa é minha mesa.
_ Desculpa.
_ A sua é aquela outra.
_ Desculpa.
_ Não tem problema.
_ Desculpa.
_ Tudo bem.
_ Tudo bem.
_ Tudo bem.
_ Tudo bem.

Ah! Me encaminhei completamente vermelho e sem graça para a mesa indicada. Sentei. Olhei de frente e dei de cara com a Carminha que fazia um sinal com a cabeça como que dizendo: _ Não se incomode, ele é assim mesmo. Ela estava de vermelho. Era a mais velha. E nesse meio tempo entrava Matilde com seus sapatinhos cruzando a sala. Reparei no mofo que tinha na parede da esquerda, ainda pequeno, mas capaz de dar início a minha alergia. Congelei. Ela tinha nas mãos vários papéis. A minha mesa não tinha computador. Ela depositou os papéis sobre a mesa.
_ Preciso de fechar essas contas, bem, você sabe como é, né?! Então você faz as contas, bem, e quando for 16h vai na minha sala pra me mostrar, tá?! Hoje ainda, bem.
E foi.
_ Ah... e seja bem-vindo.
Olhares de todos pra mim.
_ Obrigado. Eu sou o Everaldo.
_ Carminha.
_ Antonio.
_ Clotilde.
_ Antonio Moura.
_ Jurema.
_ Augusto. Já nos conhecemos.

Olhei para todos, que imediatamente voltaram para seus afazeres. Menos ele. Augusto me olhava inquieto.
_ Desculpa. Eu estava meio preocupado e nem percebi a forma como falei com você. Essa mesa é minha, eu tenho alergia a mofo e tenho que ficar na janela.
"Eu também tenho alergia a mofo", pensei.
_ Sem problemas. Eu disse.
_ O seu computador foi concertar. Disseram que chegaria ainda hoje. Mas parece que você vai ter outro serviço hoje.
_ É.
_ Fique a vontade e se tiver algum problema...
_ Obrigado.
_ Disponha.
_ Obrigado.
_ Disponha.
_ Obr...

Essa foi a primeira vez de muitas conversas, encontros e despedidas. Que nos marcariam profundamente para o resto de nossas vidas. Saí daquele lugar em seis meses e junto comigo saiu Augusto. Ele não conseguia mais trabalhar, errava os cálculos e solicitava a minha ajuda sempre. A proximidade veio com o acaso, com o destino e com o amor.

"Além disso, não consigo dizer mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando um lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação." (C.F.A.)